Domesticada pelos chineses há mais de cinco mil anos, a soja é um dos alimentos mais completos e versáteis que o homem conhece. Considerada um alimento funcional, fornece nutrientes ao organismo e traz benefícios para a saúde.
A soja é rica em proteínas, possui isoflavonas e ácidos graxos insaturados que têm ação na prevenção de doenças crônico-degenerativas. Também é uma excelente fonte de minerais como ferro, potássio, fósforo, cálcio e vitaminas do complexo B.
São inúmeras as pesquisas realizadas na área médica no Japão, China, nos Estados Unidos, Europa e Brasil que comprovam os benefícios da soja na prevenção de doenças crônicas. Entretanto, um único alimento não é capaz de prevenir sozinho o aparecimento de doenças.
O consumo de um alimento funcional, aliado a uma dieta saudável e outros hábitos como a prática de esportes são importantes passos para a manutenção da saúde. Veja abaixo como a soja atua na manutenção da saúde:
a) Prevenção do câncer
Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células que invadem tecidos e órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outros órgãos. Dividindo-se de maneira incontrolada, essas células determinam a formação de tumores ou neoplasias malignas.
As causas do câncer podem ser externas ou internas ao organismo, estando ambas inter-relacionadas. As causas internas são, na maioria das vezes, determinadas geneticamente e estão ligadas à capacidade do organismo de se defender das agressões externas. Do total de casos, 80% a 90% dos cânceres estão associados a fatores ambientais. Alguns deles são bem conhecidos: o cigarro pode causar câncer de pulmão, a exposição excessiva ao sol pode causar câncer de pele e alguns vírus podem causar leucemia. Outros fatores ainda estão em estudo, tais como alguns componentes alimentares.
Estudos realizados no Japão e na China, países cujas populações utilizam regularmente a soja em sua dieta alimentar, mostraram reduzidos índices de doenças coronárias, de câncer de mama e de próstata, quando comparados aos dos países onde a soja é pouco utilizada na alimentação humana. Entretanto, constatou-se que nos descendentes de japoneses, que emigraram para o Ocidente e, conseqüentemente, adotaram novos hábitos alimentares onde a soja não está presente, o índice de câncer nas gerações subseqüentes se igualava aos índices da população dos países para onde emigraram.
A partir dessas observações, vários estudos foram realizados sobre os possíveis efeitos da soja na prevenção e no tratamento de alguns tipos de câncer, principalmente, aqueles relacionados com deficiência hormonal, como câncer de mama e de colo de útero. Além desses, a soja possui efeitos benéficos nos cânceres de próstata, bexiga e intestino, dentre outros. As isoflavonas são apontadas como os principais compostos presentes na soja capazes de inibir e prevenir o aparecimento de vários tipos de câncer. Além das isoflavonas, outras substâncias, também presentes nos grãos de soja, auxiliam na prevenção e no controle de alguns tipos de câncer. Dentre esses compostos, estão os inibidores de proteases (inibidores de tripsina), as saponinas e o aminoácido metionina. Em doenças crônicas, a prevenção é o melhor tratamento. A ingestão diária da soja e seus derivados, auxilia nessa prevenção.
b) Prevenção das doenças cardiovasculares
Nas pesquisas realizadas nos Estados Unidos, Europa e Japão concluiu-se que as proteínas de origem vegetal são mais benéficas à saúde do que as de origem animal. Atuam diminuindo o colesterol sangüíneo total e o LDL-colesterol, popularmente conhecido como “mau” colesterol. A soja apresenta uma série de vantagens em relação às outras fontes de proteína vegetal. Possui elevado teor de proteínas (38% a 42%) de baixo custo e excelente qualidade, como também as isoflavonas, que auxiliam na redução do colesterol sanguíneo.
A ingestão diária de 25 gramas de proteína da soja reduz acentuadamente o colesterol total num período de, aproximadamente, três semanas. Essa ingestão diária de proteínas da soja pode reduzir em até 30% os níveis do chamado “mau” colesterol (LDL), ao mesmo tempo em que ocorre um estímulo para a produção do “bom” colesterol (HDL). A redução pode ocorrer pelo aumento da excreção de sais biliares pelas fezes, principal forma de eliminação do colesterol, ou pelo aumento no metabolismo do colesterol, para compensar o aumento na eliminação de sais biliares.
Além disso, o consumo de soja diminui a relação insulina: glucagon, hormônios que estão envolvidos no metabolismo do colesterol.
A federação Mundial de Cardiologia confirma que o consumo diário de 25 gramas de proteína de soja faz bem ao coração, controlando os níveis de colesterol e assim, prevenindo doenças crônicas. A soja também é fonte de ácidos graxos essenciais que, aliados à isoflavonas, atuam de maneira protetora sobre a camada interna que cobre as artérias, prevenindo a arteriosclesore e a trombose, que são processos de obstrução das artérias.
c) Prevenção da tensão pré-menstrual (tpm) e do climatério (menopausa)
A tensão pré-menstrual e o climatério, que ocorrem nas mulheres, são causados por alterações hormonais, principalmente no nível de estrógeno no sangue. As mulheres em fase de pré-menopausa e menopausa podem se beneficiar de uma dieta com ingestão diária de soja, por ser esta rica em isoflavonas.
As isoflavonas são fitoestrógenos com estrutura química bastante semelhante ao estrógeno. Entretanto, apresentam baixíssima atividade hormonal em humanos. As taxas de estrógeno sangüíneo diminui bastante durante o ciclo menstrual, causando a tensão pré-menstrual.
No climatério, essas taxas hormonais também são bastante reduzidos, surgindo problemas como ondas de calor, sudorese, pele seca, podendo até surgir a osteoporose. Como as isoflavonas são estruturalmente semelhantes aos estrógeno, ligam-se aos receptores estrogênicos das celulas evitando o surgimento dos sintomas indesejáveis da tensão pré-menstrual e do climatério. As isoflavonas, atuando como hormônios, apresentam a vantagem de não causar efeitos colaterais, como aqueles observados em pacientes usuários de hormônios sintéticos. Apesar da semelhança com o estrógeno sintético, a atividades das isoflavonas é cerca de 100mil vezes mais fraca do que a atividade destes.
Estudos realizados pela equipe da Disciplina de Ginecologia e Climatério da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, com apoio da Embrapa Soja, revelaram efeitos benéficos das isoflavonas, presentes na soja, nas pacientes em fases de menopausa e pós-menopausa.
d) Prevenção da osteoporose
A osteoporose é a diminuição da quantidade de massa óssea no corpo, enfraquecendo os ossos, possibilitando sua quebra. Anualmente, as mulheres perdem de 0,3% a 0,5% da massa óssea, e nos primeiros anos da menopausa, chegam a perder até 3% de massa óssea por ano. Os níveis de estrógeno no sangue diminuem acentuadamente após a menopausa, aumentando assim, o risco da mulher desenvolver a osteoporose.
A administração de hormônios sintéticos ou das isoflavonas, presentes na soja, bem como de cálcio, ajudam na prevenção da osteoporose. Além da reposição hormonal, exercícios físicos, como correr, andar, nadar, e alongamentos auxiliam na prevenção e cura dessa doença. A alimentação também é importante, assim sendo, a ingestão de alimentos ricos em cálcio, como as verduras, o leite e seus derivados, e a soja, auxiliam na prevenção da osteoporose.
Fonte:http://www.cnpso.embrapa.br/html/sosaude.html